Novas
perspectivas no tratamento do TOC
A terapia
cognitivo-comportamental (TCC) e os antidepressivos inibidores da recaptura de
serotonina (IRS) - fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram,
escitalopram, fluvoxamina e clomipramina - constituem o tratamento de primeira
linha para os portadores de TOC. Embora tais terapêuticas sejam eficazes para
muitos pacientes, parte deles não se beneficia desses tratamentos. Esquemas de
potencialização com a risperidona, um antipiscótico (AP) age na
neurotransmissão da dopamina, pode aumentar a efetividade da terapia com os
IRS, melhorando um pouco as taxas de sucesso do tratamento. No entanto, resultados
com outros AP são controversos e existe ainda crescente preocupação com o
aumento da morbi-mortalidade relacionada ao seu uso em longo prazo. Dentre as
consequências negativas associadas ao uso dos AP, destacam-se o ganho de peso,
o desenvolvimento da síndrome metabólica e o aparecimento de sintomas
extra-piramidais (tremores, diminuição da mímica e alterações do movimento,
como distonia e discinesia).
Consequentemente,
são necessárias terapêuticas alternativas, bem toleradas e eficazes. Pesquisas
clínicas e estudos de neuroimagem recentes sugerem o envolvimento de outro
neurotransmissor, chamado glutamato, além da serotonina e da dopamina, na
fisiopatologia do TOC. Nesse sentido, o PROTOC (Projeto Transtornos do
Espectro Obsessivo-Compulsivo) do Instituto de Psiquiatria (IPq) do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HC-FMUSP) está desenvolvendo um estudo inédito, intitulado “Potencialização
de Inibidores da Recaptura de Serotonina com N-Acetilcisteína no Tratamento do
Transtorno Obsessivo-Compulsivo Resistente: Um Estudo Duplo-Cego Controlado”.
A N-Acetilcisteína (NAC) é uma medicação comumente usada em doses altas para o
tratamento de intoxicação por paracetamol, haja vista as suas propriedades
antioxidantes e hepatoprotetoras. Além disso, postula-se que ela seja
capaz de modular a atividade do glutamato e, por isso, cogita-se que ela possa
atenuar os sintomas do TOC. Existem evidências muito iniciais de efeitos
benéficos da NAC no transtorno bipolar, na esquizofrenia e no TOC, tanto pelo
seu efeito antioxidante no sistema nervoso, como pelo seu efeito sobre a
transmissão glutamatérgica. Para contribuir com esta área do conhecimento, o
PROTOC desenvolveu um estudo que está em sua fase de recrutamento.
Para participar do estudo, serão recrutados
pacientes com diagnóstico de TOC há pelo menos um ano, de ambos os sexos, com
idade entre 18 e 65 anos e que, apesar de já terem recebido tratamento adequado
para o TOC, permaneçam sintomáticos. Os participantes receberão NAC ou placebo
durante 16 semanas e, ao final do estudo, serão realizadas análises para
comparar se a NAC foi mais eficaz do que o placebo na redução dos sintomas do
TOC. Os interessados devem entrar em contato com o PROTOC pelo telefone (11)
2661-6972 ou pelo e-mail dlccosta@usp.br e
passarão por uma triagem telefônica realizada por uma psicóloga do grupo, para
posterior agendamento de consulta. Os pesquisadores responsáveis pelo presente
estudo são os médicos psiquiatras Daniel Costa e Roseli G. Shavitt.
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