domingo, 24 de março de 2013

CONVITE PARA NOVA PESQUISA NO PROTOC




Novas perspectivas no tratamento do TOC

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e os antidepressivos inibidores da recaptura de serotonina (IRS) - fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina e clomipramina - constituem o tratamento de primeira linha para os portadores de TOC. Embora tais terapêuticas sejam eficazes para muitos pacientes, parte deles não se beneficia desses tratamentos. Esquemas de potencialização com a risperidona, um antipiscótico (AP) age na neurotransmissão da dopamina, pode aumentar a efetividade da terapia com os IRS, melhorando um pouco as taxas de sucesso do tratamento. No entanto, resultados com outros AP são controversos e existe ainda crescente preocupação com o aumento da morbi-mortalidade relacionada ao seu uso em longo prazo. Dentre as consequências negativas associadas ao uso dos AP, destacam-se o ganho de peso, o desenvolvimento da síndrome metabólica e o aparecimento de sintomas extra-piramidais (tremores, diminuição da mímica e alterações do movimento, como distonia e discinesia).
Consequentemente, são necessárias terapêuticas alternativas, bem toleradas e eficazes. Pesquisas clínicas e estudos de neuroimagem recentes sugerem o envolvimento de outro neurotransmissor, chamado glutamato, além da serotonina e da dopamina, na fisiopatologia do TOC. Nesse sentido, o PROTOC (Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo) do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) está desenvolvendo um estudo inédito, intitulado “Potencialização de Inibidores da Recaptura de Serotonina com N-Acetilcisteína no Tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo Resistente: Um Estudo Duplo-Cego Controlado”. A N-Acetilcisteína (NAC) é uma medicação comumente usada em doses altas para o tratamento de intoxicação por paracetamol, haja vista as suas propriedades antioxidantes e hepatoprotetoras.  Além disso, postula-se que ela seja capaz de modular a atividade do glutamato e, por isso, cogita-se que ela possa atenuar os sintomas do TOC. Existem evidências muito iniciais de efeitos benéficos da NAC no transtorno bipolar, na esquizofrenia e no TOC, tanto pelo seu efeito antioxidante no sistema nervoso, como pelo seu efeito sobre a transmissão glutamatérgica. Para contribuir com esta área do conhecimento, o PROTOC desenvolveu um estudo que está em sua fase de recrutamento.
Para participar do estudo, serão recrutados pacientes com diagnóstico de TOC há pelo menos um ano, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 65 anos e que, apesar de já terem recebido tratamento adequado para o TOC, permaneçam sintomáticos. Os participantes receberão NAC ou placebo durante 16 semanas e, ao final do estudo, serão realizadas análises para comparar se a NAC foi mais eficaz do que o placebo na redução dos sintomas do TOC. Os interessados devem entrar em contato com o PROTOC pelo telefone (11) 2661-6972 ou pelo e-mail dlccosta@usp.br e passarão por uma triagem telefônica realizada por uma psicóloga do grupo, para posterior agendamento de consulta. Os pesquisadores responsáveis pelo presente estudo são os médicos psiquiatras Daniel Costa e Roseli G. Shavitt.

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