O transtorno obsessivo-compulsivo(TOC) afeta até 2% da população geral e a síndrome de Tourette(ST),1%. Encontrem aqui dados interessantes sobre os dois. Espero contribuir para a sua divulgação. (Ana Hounie é Psiquiatra. Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP de São Paulo. Ex-Supervisora do ambulatório de TOC e ST na Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (UPIA- UNIFESP). Colabora com o PROTOC -HC FMUSP. Tem livros e artigos científicos publicados sobre o assunto.
domingo, 2 de dezembro de 2018
domingo, 25 de novembro de 2018
Filme "Ilegal", sobre canadibiol na epilepsia
O filme é de fazer chorar, o sofrimento da família ao ver
sua filha tendo várias convulsões diárias e sem conseguir superar os entraves
da importação de canabidiol , é uma facada no coração de qualquer pai ou mãe.
Assistem o filme, disponível no Netflix.
domingo, 21 de outubro de 2018
Alumínio, Tourette, autismo e saúde neuronal
Sempre que eu atendo um paciente
novo faço uma investigação cuidadosa de seus hábitos de vida, alimentação,
medicamentos e suplementos em uso. Com base na história clínica, de vida, e
sintomas apresentados, peço uma série de exames para investigar mais profundamente
como se encontra o organismo da pessoa e se há algo que possa estar
influenciando os sintomas apresentados. Cada vez mais frequente é o achado de
alumínio aumentado no sangue de meus pacientes com tiques.
O alumínio em excesso pode vir de
fontes alimentares como produtos com aditivos químicos que contém alumínio, cosméticos,
comida preparada em panelas de alumínio, embalagens de alumínio etc.
A presenta de taxas altas de alumínio
no cérebro já foi associada a doença de Alzheimer. Aumento de alumínio em
pacientes com insuficiência renal , ou seja, que não excretam o alumínio adequadamente,
causaram sintomas cognitivos, convulsões
. Há diversos estudos que indicam o alumínio como possível causa de alterações no
sistema nervoso central, tanto no curto como no longo prazo, a depender de
dose, tempo e forma de exposição e fatores individuais de susceptibilidade.
Existem evidências também de que o alumínio poderia participar da ativação de
uma serie de reações pró-inflamatórias, com repercussão no sistema imunológico,
que por sua vez poderiam afetar estruturas cerebrais como o núcleo central da
amigdala, que por sua vez afeta o eixo hipotálamo-hipofisário. Alterações no
eixo H-H podem levar a hiper ou hipoativação do sistema imunológico, facilitando
o desenvolvimento de doenças autoimunes ou reduzindo a capacidade de defesa do
organismo, respectivamente.
Assim, existem diversos motivos
que levam pesquisadores a acreditar que os transtornos do espectro do autismo possam
ter alguma relação com toxicidade cerebral devida a alumínio, e,
consequentemente, me leva a pensar que o mesmo possa ocorrer com a síndrome de
Tourette.
Fica a sugestão de que reduzam sua
exposição ao alumínio ao mínimo possível.
Baseado no artigo
Shaw CA. Aluminum as a CNS and Immune System Toxin
Across the Life Span. Adv Exp Med Biol. 2018;1091:53-83. doi:
10.1007/978-981-13-1370-7_4.
terça-feira, 9 de outubro de 2018
Psiquiatria Integrativa
O que é medicina integrativa? Medicina Integrativa é a prática da
medicina que valoriza muito a relação entre o paciente e o profissional de
saúde. Ela é focada na pessoa como um todo, informada por evidências (testes
laboratoriais, anamnese, exame físico) e faz uso de todas as abordagens
terapêuticas adequadas, com profissionais de saúde e várias disciplinas
relacionadas para obter o melhor resultado em direção à cura.
Na psiquiatria integrativa,
contamos com o exame psíquico, exames laboratoriais, análise detalhada de
hábitos de vida e algumas vezes testes genéticos. O tratamento não será feito
somente com medicamentos psiquiátricos, pois estaremos buscando o equilíbrio
como um todo. Assim, a recomendação será global, com a prática de exercícios,
psicoterapia, suplementos, mudança de hábitos de vida. Em alguns casos é
possível usar o mínimo de medicação ou doses mais baixas, em outros casos
somente suplementação pode trazer grandes benefícios, por vezes reduzindo a
necessidade ou postergando o uso de medicação psicotrópica.
segunda-feira, 16 de julho de 2018
Canabidiol no autismo
O autismo é uma síndrome que não tem tratamento medicamentoso
específico. Os problemas centrais do autismo são dificuldade na socialização,
interesses restritos, comportamentos estereotipados. Para estas dificuldades,
indica-se a terapia comportamental, de preferência com modelos específicos para
autismo, como o ABA.
Entretanto, existem muitos problemas associados que
necessitam de tratamento medicamentoso por exemplo, agressividade, crises
convulsivas (epilepsia ocorre em até 50% dos autistas), tiques, hiperatividade,
déficit de atenção, entre outros.
Assim, o tratamento do autismo será escolhido caso a caso de
acordo com o perfil de sintomas. O canabidiol têm-se tornado uma ferramenta
para estes casos que não melhoram com medicamentos convencionais. Trata-se de
terapia experimental, não havendo estudos grandes e controlados que comprovem
sua eficácia. Mas, com base nas propriedades do THC e do CBD e no resultado que
se encontra no tratamento de outras patologias, pode-se concluir que no autismo
também poderia ser benéfico. Os sintomas que podem melhorar com o uso de
canabidiol são: crises convulsivas, falta de apetite, agressividade, insônia, tiques,
interação social, cognição, déficit de atenção, hiperatividade. Segundo Bou
Khalil, um médico-psiquiatra israelense,
o canabidiol age como agonista do TRPV2 aumentando a liberação de vasopressina
e oxitocina, que têm sido estudadas no autismo.
domingo, 15 de julho de 2018
Canabidiol na síndrome de Tourette
Na síndrome de Tourette temos a possibilidade de usar, em
casos refratários, o canabidiol. Relatos de uso de maconha com melhora dos
tiques na síndrome de Tourette começaram a ser relatadas a partir de 1999. Os
primeiro relatos foram observações clínicas de pacientes que usavam a maconha
fumada de forma recreativa mas que relataram aos seus médicos a melhora dos sintomas. A
partir daí teve início pesquisa na área , de início com THC e posteriormente
com o Sativex, que contém a mistura de THC e CBD em proporções iguais. O Sativex
começou a ser comercializado no Brasil com o nome de Mevatyl desde 2017. A ANVISA permite a importação de canabidiol com pouco ou nada de THC, que foi aprovada inicialmente pensando nos pacientes com epilepsia refratária. No entanto, os estudos têm ampliado as indicações terapêuticas e muitas doenças podem ser tratadas com a associação de canabinoides ao tratamento convencional, muitas vezes permitindo que as doses dos medicamentos tradicionais sejam reduzidas.
As opções para tratamento com canabinoides são diversas, por
exemplo, temos o Mevatyl, com concentração semelhante de THC e CBD, temos essas
substâncias sintetizadas em laboratório, por exemplo o dronabinol (THC
sintético) e formas medicinais da canabis que podem ser em cápsula ou óleo e
usadas por via oral ou vaporizada.
Em relação ao tratamento da síndrome de Tourette, há relatos de melhora tanto com a
mistura de THC e CBD, como o uso deles isoladamente. Não sabemos quem se beneficiará
de uma ou outra forma, então juntamente com seu médico, você pode discutir os
objetivos do tratamento e escolher a melhor forma a ser adquirida.
Embora a maconha medicinal esteja ganhando seu espaço, ainda permanece o alerta de que isso não significa que fumar maconha seja benéfico para a saúde. Além dos malefícios relacionados à fumaça e que causam mal tal qual o cigarro de nicotina, a maconha fumada e vendida ilegalmente, especialmente a maconha prensada, contém variantes de canabinoides ricos em THC, com concentrações acima das concentrações de CBD, tornando-a passível de desencadear surtos psicóticos, além de conter vários contaminantes.
Para quem tiver interesse, visite o site da associação brasileira de pacientes de canabis medicinal: http://amame.org.br
sexta-feira, 13 de julho de 2018
Sobre o canabidiol
Cada vez mais produtos com canabidiol estão sendo usados no
Brasil. O canabidiol é eficaz para muitas doenças, algumas já com bastante
evidência de eficácia, outras menos. Antes de falar sobre o tratamento com
canabidiol vou resumir aqui alguns dados importantes para tentar reduzir a
confusão que há entre grande parte das pessoas sobre a relação entre canabidiol
e maconha.
A maconha, ou canabis sativa, é uma planta da qual se pode
extrair centenas de canabinóides. Dentre estes, os mais conhecidos são o THC
(tetrahidrocanabinol) e o CBD (canabidiol). Além dos canabinóides, a planta
fornece terpenos e outras substâncias. O THC é conhecido pelo seu poder psicodisléptico
(“dá barato”) e por isso é usado como droga recreativa. A forma de uso da
maconha para esse fim é principalmente a forma de cigarro. As espécies de
maconha têm sido geneticamente modificadas para gerar variantes com cada vez
maiores taxas de THC, elevando seu potencial de causar dependência e
desencadear surtos psicóticos.
O CBD tem várias propriedades terapêuticas, inclusive ação antipsicótica.
Existem variantes de maconha com altos teores de CBD. Estas espécies são usadas
para fins medicinais.
O THC e o CBD podem ser combinados para oferecer benefícios
relacionados às duas substâncias, sendo o CBD protetor contra os efeitos
psicotogênicos do THC. Assim, espécies com as duas substâncias ou mistura de
espécies são utilizadas para fins medicinais.
As formas medicinais disponíveis no Brasil são em forma de
óleo (extrato) ou spray (Mevatyl). A ANVISA autorizou a importação dos óleos de
canabidiol que contém zero ou quase zero de THC. O Mevatyl tem TCH e CBD em
iguais proporções, por isso não é importado, mas produzido no Brasil por uma
empresa Canadense.
Deixando claros esses conceitos, vamos falar quais
patologias podem ser tratadas com essas substâncias:
Epilepsia refratária
Síndrome de Tourette
Autismo
Agressividade
Dores crônicas
Esquizofrenia
Transtorno bipolar
Várias outras
Ou seja, suas propriedades são diversas e para alguns casos
graves que não respondem aos medicamentos tradicionais, podem ser uma ótima
saída.
Como sempre , lembro que automedicação é perigoso.
Atualmente já existem mais de 700 médicos no Brasil prescrevendo canabidiol,
então o ideal é buscar um médico qualificado que saiba escolher dentre as diversas
opções quais seriam adequadas para cada caso.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
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