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Vamos levar
a doença mental a sério
Mark
Shapiro
O suicídio recente de Robin Williams sacudiu as
pessoas de todo o espectro político — e não
sem motivo. Quando uma figura pública incrivelmente popular e
bem-sucedida de nossa cultura decide tirar sua própria vida, fica a sensação de
que o suicídio pode acometer qualquer pessoa. Na verdade, não pode.
Robin Williams sofria de uma doença mental,
declaradamente. Durante uma entrevista em 2006 ele disse que não tinha sido
formalmente diagnosticado com depressão ou transtorno bipolar, mas falou, “Às
vezes atuo de uma forma maníaca? Sim. Estou em mania o tempo todo? Não. Eu fico
triste? Ôpa, se fico. É duro para mim? Sim, é. “ E acrescentou, “Fico bêbado,
como muitos de nós ficamos às vezes. Você olha para o mundo e pensa, ‘ôpa, pode
parar’. Outras vezes você olha e diz, ‘Oh, as coisas estão ok.’” De acordo com
o Huffington Post, no mesmo ano ele explicou a tentação do alcoolismo — para
Diane Sawyer. “É a mesma voz do pensamento que... quando você está à beira do
precipício e olha para baixo, existe uma voz, uma voz bem baixinha que diz. “Pule.’”
A morte de Robin Williams estimulou vários
escritores e celebridades a anunciar suas próprias lutas com estes problemas; quase
toda família já sofreu os horrores de uma doença mental. Meu avô foi
diagnosticado como bipolar [transtorno
bipolar do humor] décadas atrás, e lutou contra ideações suicidas
rotineiramente até ser medicado com
lítio.
Aumentar a conscientização é louvável — o estigma que
se impregnou à busca de ajuda para doença mental deve ser eliminado o mais
rápido possível.
Do mesmo modo devemos deixar claro que a
normalização da doença mental não ajuda ninguém e prejudica aqueles que estão
verdadeiramente doentes. A falta de compreensão e consciência a respeito da
doença mental nos chega desde duas vertentes de opinião: primeiro, daqueles que
acham que a doença mental significa falta de dedicação e de força de vontade;
segundo, daqueles que acham que uma grave doença mental não é de maneira alguma
uma doença mental, mas representações de comportamentos e pensamentos livres.
Quarenta anos atrás, o primeiro grupo predominava;
hoje, o segundo é dominante.
Há 40 anos, homens e mulheres temiam a destruição
da carreira profissional se os rumores
sobre o fato deles estarem se consultando com psiquiatras se espalhasse. Em
grande medida, aquele medo dissipou-se. Mas uma nova ameaça para o bem-estar
daqueles que sofrem de uma doença mental substituiu o constrangimento original:
a ameaça do batalhão dos defensores [contrários
ao tratamento psiquiátrico] que acabam por deixar quem tem uma doença
mental sofrer em nome da heterogeneidade.
Isto [ser
contra esta ameaça] não significa sugerir que todos os que são “diferentes”
são mentalmente doentes ou vice-versa. Mas quer dizer sim que devemos
considerar a doença mental no caso dos sem-teto em vez de rotulá-los de
defensores do espaço público, em uma versão que tem o seu próprio modo de se
vestir. É afirmar também que aqueles que têm transtorno disfórico de gênero não
devem sofrer a intolerância da sociedade
e que a mutilação física e a gritaria pró-tolerância não vão resolver os seus
problemas.
Em outras palavras, se quisermos reconhecer, como
sociedade, a importância da doença
mental, o progressista [the left]
deve parar de fazer dissertações sobre doença mental com platitudes sobre
diversidade, e o conservador [the right] deve
parar de tratar a doença mental como um problema moral e não como um caso
médico. Aqueles arrasados pela angústia mental estão gritando por ajuda. Se não
os escutamos, talvez seja porque estejamos muito ocupados em impor nossos
pontos de vista políticos em vez de escutarmos.
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