quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Os caminhos e a síndrome de Tourette



Um viajante tem sempre caminhos alternativos. Ao planejar sua viagem, ele deve escolher que estrada tomará, que transporte usará e em quanto tempo deseja percorrer o caminho desejado. Os mais apressados escolhem os caminhos mais curtos, mais rápidos. Em geral, esses são de fato melhores, mas podem ter algumas desvantagens, por exemplo, mais pedágios, de modo que chegar rápido ao destino final tem o seu custo.
O caminho mais longo, mais lento, por sua vez, pode ser mais barato e mais seguro. Se considerarmos que o caminho rápido oferece à primeira vista mais vantagens, podemos imaginar que será mais procurado e consequentemente, terá mais visitantes, mais congestionamento, maior risco de acidentes ao longo de seu percurso.
Os leitores devem estar se perguntando de que raios estou falando: que tem a ver caminho, estrada, transito e segurança com a síndrome de Tourette?  
Faço um paralelo da escolha do caminho com a escolha do tratamento dos tiques. A maior parte das pessoas quer se ver livre dos tiques rapidamente. Tourette é um exercício de paciência. Quando o portador não se incomoda com os tiques, pode incomodar-se com quem se incomoda. Os olhares de soslaio quando o tourrético emite aqueles sons estranhos ou as gesticulações sem sentido, ou a expressão de susto dos mais desavisados.
O fato é que as medicações para os tiques têm vários graus de eficácia. Uns funcionam em até 90% dos casos enquanto outros em 70%. O instinto natural é tentar o que mais funciona, mas a  experiência  nos mostra que os menos eficazes são mais seguros no longo prazo.  Eles demoram mais a fazer efeito, exigem paciência do médico e, mais ainda, dos que sofrem com os tiques, mas quando funcionam, o resultado é compensador, pois são muito mais seguros.     
Mas paciência não é uma virtude muito estimulada nos dias de hoje, de modo que temos crianças e adolescentes sendo expostos a medicações potencialmente perigosas de forma um tanto indiscriminada.   

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