Em primeiro lugar, precisamos definir o que é uma doença
rara. De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), doenças raras são aquelas que afetam até 65 pessoas a cada 100 mil
indivíduos. O número exato de doenças raras ainda é desconhecido, mas
atualmente são descritas de sete a oito mil doenças na literatura médica, sendo
que 80% delas decorrem de fatores genéticos e os outros 20% estão distribuídos
em causas ambientais, infecciosas e imunológicas. Aproximadamente 75% das
doenças raras afetam crianças.
A síndrome de Tourette, quando se
consideram todos os casos, os graves e aqueles inseridos na comunidade, afeta
um total de 1% da população. Essa estatística se baseia em estudos feitos em
escolas na comunidade, ou seja, considera inclusive aqueles casos que nunca
chega à atenção médica pois não têm gravidade para tanto.
Os casos mais graves são mais raros e as
estimativas são de que afetem 1 em cada 4 mil pessoas.
Considerando esses números, não podemos
dizer que a ST seja considerada rara, pois é bastante frequente. No entanto, os
casos graves sim.
Apesar de ser relativamente frequente, a
maioria dos médicos desconhece a síndrome de Tourette. Quando a reconhece, não
possui experiência no seu tratamento. Em geral os médicos que reconhecem a ST são
neurologistas.
Qual a importância disto tudo?
A maioria das doenças raras são
genéticas ou degenerativas ou cursam com uma deficiência mental, sensorial ou
física. Doenças que cursam com deficiência garantem o direito aos portadores
que não têm renda de pedirem um auxilio financeiro ao Governo (LOAS). Em geral,
isso não se aplica à Síndrome de Tourette. A maioria dos casos com ST têm inteligência
normal e não apresenta deficiência física. A maior parte dos casos com ST não
apresenta impedimento ao trabalho. O maior problema da ST se dá quando os
tiques são de difícil controle, mesmo com medicamentos, gerando estranheza às
pessoas do ambiente e preconceito. No caso de crianças e adolescentes,
bullying. Isso é um problema da sociedade, do preconceito e da dificuldade de
lidar com a diferença.
Quando os tiques são graves, tiram a concentração,
são dolorosos ou provocam lesões, o tratamento é necessário para reduzir o incômodo
associado a eles. Quando são brandos, às vezes nem sequer é necessário
tratamento.
Assim, só o fato de ser portador de
Tourette não significa que há necessidade de tratamento. Somente os casos mais graves
podem chegar a ser incapacitantes, quando aí sim o portador pode pleitear um
auxílio do Governo. A maioria dos casos se beneficia de tratamento e pode ter
uma vida plena e normal.
Quadro incapacitante é o meu caso. Parabéns pelo seu trabalho de sempre!
ResponderExcluirParabéns por dedicar um blog para este assunto, nem sempre consigo achar artigos sobre o tema.
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