"Depois do início do tratamento para a ST, tenho me sentindo muito bem, tanto pelo
escitalopram como pela clonidina. Não
tenho tido os problemas que tinha antes, graças a Deus. Sobre meu estudo, acho
realmente que melhorou, tanto em casa como nas aulas. Eu mal podia ficar uma
hora assistindo uma aula, agora fico até mais que isso. Claro que não poderia ser tão perfeito, esperar “a cura”,
mas melhorou bastante, tenho certeza.
Assisti ao filme “o líder da classe” e acho que o filme
está certo.
Passei pelo mesmo problema (claro, minha família não
tinha dinheiro e acesso a bons médicos). Fiquei até completar 30 anos sem ter
ideia do que eu tinha, nem eu e nem meus pais. No ano de 1993, veja bem, 1993,
fui a um neurologista. Ele disse que eu estava estressado e deveria mudar de
profissão. Minha mãe o questionou e ouviu peremptoriamente que eu não tinha
qualquer doença, deveria procurar um psicólogo.
Na minha infância ouvia das pessoas que eu era revoltado,
queria aparecer etc.
Por isso, me identifiquei mais do que eu esperava com
esse filme.
Interessante, eu conseguia (duramente), de certa forma
esconder a Tourette, graças a minha personalidade extrovertida. Mas de outra
forma, tiveram inúmeras passagens nesse filme que pareciam feitas pra mim! Vi
minha vida na tela...
Eu nunca tinha visto com tanta clareza o sofrimento que
era ficar em uma sala de aula. Minha companheira (como ele diz no filme) e eu
odiávamos a aula. Lugar fechado, silencioso, Deus me livre... Nem sei explicar
o que senti quando vi cenas que mostraram simplesmente a minha vida.
Mostrei o filme pra minha mãe e para minha esposa
(assistiram sem eu estar junto, é claro). Minha mãe disse: “achei um horror,
fiquei chocada, preferia não ter visto”. Fiquei intrigado, descobri todo
sofrimento dela vendo o filho com “aquilo” sem saber o que era. O filho era eu
! (rsrs) Acho que ela não sabia verdadeiramente o que passa alguém que vive
“amarrado” com a companheira Tourette, 24h.
Foi muito importante o fato de eu ter feito as consultas,
parado pra pensar na minha companheira inseparável (gostei da metáfora), ter
visto o filme...
Eu descobri o que é estar “amarrado” à Tourette 24h, sem
descanso.
Interessante, como eu nem me lembro do dia em que ganhei
essa companheira, acostumei a tê-la, aprendi a conviver com ela, do meu jeito.
Acho que consegui imaginar o que é viver sem isso, deve
ser muito bom. Por outro lado, vi com clareza que é muito difícil viver
amarrado à Tourette.
Vivo bem, pois como se diz, aquele que nasceu cego nem
sofre, não sabe o que é enxergar.
Bom, percebi que quando estudo (você me fez essa
pergunta) paro, me distraio a cada três ou quatro segundo para ter um tique. Eu
nem percebia que me distraia tanto, que era tão difícil. Muito boa a explicação
do filme, quando ele mostra ao menino o que é ler com a companheira “te
cutucando” sem parar. É isso mesmo. É bem difícil e isso me fez refletir
bastante.
Eu nem percebia como é difícil fazer coisas banais, como
ler um livro, procurar uma coisa em uma gaveta, pois sempre fui assim, lido
como posso com isso e me sinto vencedor, fiz faculdade de Direito e passei em um concurso público difícil...
Em suma, cresci
bastante, consegui enxergar por poucos momentos o que é não ter Tourette. Eu
nunca tinha pensado nisso. Por outro lado, me conformei com ela e, por isso,
acho até que melhorou minha qualidade de vida. Me sinto vencedor."
Oi! É bem assim mesmo: a gente vive amarrado á tourette.Também sou portador de tourette algumas dificuldades como estudar, por exemplo. Comecei á reprovar na 5ª série e cheguei aos 30 anos na faculdade sendo que também estou atrasado.Poderia me formar há dois anos atrás, mas sabem como é.. mas nós portadores de Síndrome de Tourette, sabemos o que passamos e quanto é penoso, vou dizer bem assim, ter esse transtorno que os atrapalha muito a vida de várias formas.Meus parabéns ao colega pela realização!
ResponderExcluirUm abraço pra Dra. Ana Hounie!!
ResponderExcluir